segunda-feira, 20 de abril de 2015

Ana e Samuel - Uma história de fé e coragem

   Ana olhava para o céu, era para o alto que Ana olhava quando as lágrimas insistiam em cair e o aperto transtornava seu coração. Ela se sentia abençoada por Deus pelo filho que Ele provera. E esse filho precisava ser ensinado e totalmente consagrado  ao Senhor. Penso em Ana vestindo Samuel, pequetitito com suas pequenas vestes, roupas de menino. O cheiro de seus cabelos e de sua pele, toda mãe conhece o cheiro do seu filho, não importa a idade que tenha, é o mesmo odor de quando entregam em nossos braços ao nascer. E Ana vestia e preparava Samuel para ficar longe de seus braços e seus cuidados, como Abrahão a quem Deus disse: "Tome seu filho, seu único filho, Isaque, a quem você ama, e vá para a região de Moriá. Sacrifique-o ali como holocausto num dos montes que lhe indicarei", como foi com Deus Pai que deu seu unigênito por amor a nós, mesmo sendo nós pecadores fomos alvos desse grande sacrifício e desse imenso amor.
   Olhar para o céu e teimar em olhar para o céu, para o que está lá no alto, para o inatingível, alcançar só o que Deus conhece, crer sem ver, apenas crer e seguir. Ora, afinal a fé é a certeza daquilo que esperamos e a prova das coisas que não vemos. 
   A viagem de ida por certo era alegre para Samuel, pois era menino e passeava com a mãe, uma grande aventura. Penso em Ana alimentando seu pequeño hijo e compartilhando com ele as coisas de todos os dias,as cotidianas coisas que fazem a vida mais bela e dão sentido as coisas.
   Subia o monte com seu pequeno filho a quem dera o nome de Samuel que significa "Eu o pedi ao Senhor". E era esse Senhor a quem ela buscava de todo o coração, o mesmo Deus que a tinha socorrido naquela tarde vazia, quando como louca ainda pedia...dá-me filhos, dá-me filhos, senão morro!, o clamor de Raquel, era o clamor de Ana. O Deus que se revelou Pai, na sua ausência paterna e que se revelou Eterno na sua sede de um milagre.     Ana agora não era mais só, não era mais um problema, não era um vexame , ela era uma dádiva, trazia em si um tesouro. Esse era o Deus de Abrahão, o Deus de Isaque, o Deus de Jacó, o Deus de Ana...o Deus que tudo fez para a nossa alegria, o Deus que tem planos mais altos que os nossos e pensamentos mais elevados que os nossos. Por isso Ana seguiu confiante no seu caminho, sem voltar atrás, pois cria nos propósitos eternos e nas promessas que Ele lhe fez: ""Eu é que sei que pensamentos tenho a vosso respeito, diz o Senhor; pensamentos de paz, e não de mal, para vos dar o fim que desejais".
   Deus é bom e em todo o tempo Ele é bom. Talvez nem todos concordassem com a decisão de Ana, talvez ela saisse de casa com muitas oposições, talvez dedos de acusação, talvez silêncios culposos que não dizem nada, mas que estão a acusar, a não entender...mas Deus havia falado ao seu coração.
   Penso também no caminho de volta que Ana teve que percorrer tantas vezes, solitária, porém certa de que não estava sozinha. O Deus de Israel era sua companhia, o espírito que a embriagara naquela tarde estava com ela nas descidas do monte, ela era cheia Dele. Pensava se não havia esquecido de nada, se algo não faltava na mochila do pequeno Samuel, algo que lhe pudesse fazer falta, algo quem sabe para lhe abrigar do frio, algo para servir de consolo a noite sem ela, sem pai, irmãos, longe da família.
   Talvez Ana cantasse hinos de louvor enquanto andava para fortalecer-se em meio as incertezas que teimam em assombrar um coração de mãe. Talvez lembrasse de Davi no salmo 23: "...ainda que eu ande no vale da sombra da morte, não temerei mal algum, porque o Senhor comigo está, sua vara e seu cajado me consolam".
   Talvez no caminho revisasse sua trajetória de mãe até aquele momento, seus acertos e suas falhas e soubesse que a única saída era entregar seu pequeño hijo ao Señor, pero que seu corazón ainda sangrasse...
Ana e a sua fé, Ana e o seu exemplo me ensinam tanto e me fortalecem tanto e dizem ao meu coração: Paz! Eu sou contigo!




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