sexta-feira, 26 de novembro de 2010

SOBRE PAIS E FILHOS

Transcrevo aqui artigo que foi publicado no Informativo “A Semente” da Comunidade Cristã de Charqueadas, bastante interessante . O artigo é assinado pela grande escritora Lia Luft e nos serve como objeto de reflexão e estudo. E a gente tem tanto pra aprender nessa área, não é?Nunca é suficiente.

 



“Porque as crianças hoje são tão mal criadas e os adolescentes tão agressivos?A pergunta mexeu com todos. Alguns aplaudiram, outros deram risadas e pareceu correr pela sala uma onda de alívio: o problema não era a dor secreta de cada um, mas uma aflição geral. Minha resposta não foi nada sofisticada. Saltou espontânea de trás de tudo o que li sobre educação e psicologia: “PORQUE A GENTE DEIXA”.


Filhos mal criados e agressivos. O problema da autoridade em crise não é do vizinho, não acontece no exterior, não é confortavelmente longínquo. É nosso. Parece que criamos um bando de angustiados, mais do que seria natural. Sim, natural, pois, sobretudo na juventude, plena de incertezas e objeto de pressões de toda a sorte, uma boa dose de angústia é do jogo e faz bem.Mas, quando isso desestabiliza nós, adultos , e nos isola desses de quem cuidamos e amamos, é porque, atordoados pelo excesso de psicologismo barato, talvez, tenhamos desaprendido a dizer não. Nem distinguimos quando se devia dizer sim. Os pais estão tão desorientados quanto esses que tem vinte, trinta anos menos que nós. Assim é instalada a inversão.


Muitas vezes crianças são malcriadas e adolescentes agressivos demais porque têm medo. Ser insolente, testar a autoridade adulta, quebrar a cara e bater o pé, tudo isso faz parte do crescimento, da busca d eum lugar no mundo. Mas não ter limites é assustador. Ser superprotegido fragiliza.


Teorias mal explicadas, mal digeridas e mais mal aplicadas geram medo de magoar, de afastar, de “perder” o filho. A fuga da responsabilidade, o receio de desagradar (todos temos de ser bonzinhos!) aliam-se ao conformismo: “Hoje em dia é assim mesmo”. Ninguém mais quer ser responsável: é cansativo, dá trabalho, causa insônia.Queremos ser amiguinhos, mas os filhos precisam de pais. E vendo nossa aflição, esperneiam, agridem, se agridem – talvez por não confiarem o suficiente em nós. Ter um filho é, necessariamente, ser responsável.

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